A escolha pelo parto normal
Antes de mais nada, quero dizer que a escolha do tipo de parto é muito pessoal e que a respeito muito, pois cada uma de nós tem um motivo inquestionável para ter tomado essa decisão. O que posso fazer aqui é contar como foi comigo...
Eu tenho muitos medos, mas a dor nãoo está entre eles. Já coloquei piercing no umbigo, fiz duas tatuagens, sendo uma delas no pé (quem tem sabe que dói bastante) e achava que sabia o que era sentir dor. Que inocente! rs
Desde o início da gravidez, conversava com minha G.O. sobre o tipo de parto e falava sobre a minha vontade de fazer normal, mas tomando anestesia (depois de atingir os 6 cm de dilatação). Ela, super fofa, sempre me apoiou, o que é bastante raro atualmente. Muitos médicos preferem a cesárea pela rapidez e a comodidade da hora marcada.
A única coisa que ela deixou bem clara desde o início foi que, em alguns casos específicos, o parto normal não seria indicado, como pré-eclâmpsia, cordão enrolado, bebê sentado (não me lembro se tinha mais algum). Nesses casos era melhor não correr um risco desnecessário. E eu concordo muito com essa opinião de não correr riscos desnecessários e sempre pensei na saúde do meu filho em primeiro lugar. Por isso, se não desse para ser normal, faria cesárea numa boa.
Conheço gente que quis muito normal e não conseguiu, fez cesárea. Mas também já ouvi histórias de quem queria a cesárea, entrou em trabalho de parto antes, teve mega dilatação e não deu nem tempo de pensar na cesárea, o bebê nasceu. Às vezes a gente não escolhe, acontece.
Quando estava por volta da 33ª, 34ª semana minha G.O. me disse que era muito provável que conseguisse ter parto normal, pois a minha estrutura óssea da bacia era favorável. Mas claro, não me deu certeza absoluta.
Com 38 semanas e 5 dias, minha bolsa estourou. Eu tinha acabado de jantar e estava deitada no sofá vendo TV, quando senti uma espécie de corrimento. Na hora pensei: "Será que estourou?" - parece intuição!
Fui ao banheiro e achei que fosse só corrimento mesmo, mas com uma pulguinha atrás da orelha. Consultei nosso amigo Google e uma das dicas era pra deitar de lado e tossir. Isso porque em pé ou sentada, o bebê poderia tampar a saída do líquido.
Bom, se você me perguntar como a gente sabe se realmente estourou, eu te digo que é impossível confundir com qualquer corrimento e até mesmo com uma eventual incontinência urinária. É tanta água, mas tanta água... que você saberá! Fiz exatamente o que o Google dizia, deitei de lado e tossi: batata! Tive que correr para o chuveiro porque estava fazendo bagunça na sala! rs
Meu marido ficou muito nervoso! Foi bonitinho demais! Ele não sabia o que fazer, coitado! Daí, pensei que eu deveria manter a calma, afinal, já tinha lido que se a cor do líquido fosse clara, não tinha porque sair desesperada, podia tomar banho e ir tranquila pra maternidade. Diferente seria se o líquido fosse escuro, pois poderia indicar sofrimento fetal e deveria ir correndo para a maternidade.
Pedi pro meu marido ligar pra minha G.O., que confirmou que poderíamos tomar banho, arrumar as coisas e sairmos tranquilos. Foi o que fizemos (quer dizer, ele não estava muito tranquilo... rs).
Bom, do momento que minha bolsa estourou até Rafinha nascer foram quase 12 horas, das 22:30 às 10:12. Quanto tempo eu senti dor? Umas 6 ou 7 horas. Vou explicar...
Quando chegamos na maternidade, verificaram se eu tinha dilatação e se estava tendo contrações; nem uma coisa nem outra. Então, por volta de 1:00 aplicaram ocitocina, para estimular as contrações e depois de umas 2 ou 3 horas comecei a sentir muita dor. Até diminuíram a dose da ocitocina porque eu não estava conseguindo descansar, não havia intervalo entre cada contração. Desculpem, mas não me lembro do nome técnico disso... Infelizmente, não adiantou muito e continuei sentindo muitas dores das contrações em intervalos de tempo muito curtos e daí sim entendi o que era sentir dor de verdade... Das 3:00, 3:30 até às 9:30, quando consegui os 6 cm de dilatação, senti as dores mais fortes e intensas da minha vida.
Graças ao meu marido, que segurou minha mão o tempo todo e não abriu a boca pra falar mais nada (rs), e a minha médica G.O., não desisti da minha vontade original, mas confesso que pedi umas 3 vezes para fazer cesárea, porque não estava mais aguentando aquela dor. Fiquei na maca, na banheira, em pé, deitada, mas nenhuma posição era boa e eu só me contorcia, chorava pedindo para acabar logo.
Como é a dor? Bom... eu nunca tive cólica menstrual e sempre me disseram que era parecida com uma bem forte. Pra mim, foi uma dor no pé da barriga, tipo cólica de dor de barriga, daquelas que a gente sua frio, uma dor quase que insuportável, que me fez quase desmaiar. E nada de dilatar...
Minha G.O. chegou por volta das 6:00 e somente às 9:15 consegui os 6 cm. Um parêntesis: toda vez que mediam quanto eu tinha de dilatação, sentia mais incômodo, pra aumentar a dor!
Enfim, pude ser anestesiada... mas até fazer efeito, lá se foram mais 30 minutos. Às 9:50 minha médica mediu novamente e boa notícia: 10 cm de dilatação e já poderíamos ir pra sala de parto! Nesse momento, uma mistura de alívio, medo, alegria e ansiedade tomou conta de mim... Em minutos meu pequeno estaria nos meus braços!!!
Depois da anestesia, da cintura pra baixo nao senti mais nada. Então, fiz 4 "forças", sem saber muito bem se estava realmente fazendo do jeito certo, e Rafinha nasceu, grande, forte, saudável, graças a Deus.
Para o Rafa nascer, minha médica fez um corte bem pequeno para que ele pudesse passar mais "confortavelmente", chamado episiotomia. Depois, ela deu alguns pontos e ok. Eu me senti super bem em todos os momentos e, assim que a anestesia passou, já pude ir para o quarto e esperar meu filho. Andei, fui ao banheiro, arrumei as lembrancinhas, tomei banho, tentei descansar. E não sentia nenhum tipo de incômodo, apesar dos pontos. A cada ida ao banheiro, passava o spray analgésico para garantir que não tivesse nenhum incômodo mesmo.
Fomos para casa e, como a moça que me ajudava resolveu me abandonar dias antes do Rafael nascer, achei que podia passar pano no chão, lavar roupa, desencaixotar as coisas da nossa mudança (a gente se mudou 2 dias antes do Rafa nascer). E daí eu cometi um grande erro, pois o pós parto é um período de descanso, de recuperação. Meus pontos abriram e eu senti muita dor durante uma semana, tendo um bebezinho para cuidar, sem conseguir me movimentar direito, porque doía bastante. Então, futuras mamães, mesmo sentindo-se bem, não abusem e descansem.
Se me perguntarem se doeu, se sofri, se foi cansativo... SIM, muito!
Mas se me perguntarem se eu faria tudo de novo, igualzinho... SIM, SIM, SIM, SIM! Hoje, depois de 7 meses, tenho pouca lembrança concreta dessa dor insuportável. Aliás, desde que o Rafa nasceu, tenho poucas lembranças das fases ruins, mas me lembro de todos os detalhes das coisas boas!
E como foi pra você? :)